A Síndrome do Escolhido: Por que Sentimos que Temos que Resolver Tudo Sozinhos? | #009

Tempo de Leitura: 14 minutos
Matrix e a Síndrome do Escolhido
Foto por: www.canva.com – Matrix e a Síndrome do Escolhido

Como um bom millennial eu sou fã do filme Matrix. E uma pequena parte minha ainda acredita que esse mundo é tão louco que, de fato, devemos viver dentro de uma simulação 😅

No último final de semana, reassistindo o filme pela milésima vez, tive a ideia de escrever esse artigo. Parei pra refletir sobre o tamanho do peso que Morpheu jogou nas costas do Neo quando lhe disse que acreditava que ele fosse “O ESCOLHIDO”, o salvador de toda a raça humana.

Como assim Morpheu? Você acaba de falar pro cara que o mundo como ele conhece não existe, que as máquinas ganharam a guerra contra os humanos e que ele é o escolhido pra resolver a porra toda? 🤦‍♂️

Na hora me acendeu um alerta interno: “Esse cara tá louco, mas eu sei do que ele está falando!”

Não, não estou falando de ser considerado “O Salvador do Mundo”, mas de uma sensação tão incômoda quanto – a de ser o filhinho perfeito, aquele com ótimas notas, com um futuro promissor pela frente, o filho que ninguém precisa se preocupar porque “ele vai dar conta do recado”.

Cara, que saco! Se você já se sentiu assim na sua vida, esse artigo é pra você.


O que você vai ver nesse post:

1. A Síndrome do Escolhido
2. Pra que tantas expectativas?
3. A vida real do “Escolhido”

4. Você não precisa carregar esse fardo


1. A Síndrome do Escolhido

Quem aí cresceu ouvindo frases do tipo:

  1. “Você é tão inteligente, vai ter um futuro brilhante.”
  2. “Olha só, a futura médica/advogada da família.”
  3. “Você é o ORGULHO da família.”
  4. “Você tem que cuidar dos seus irmãos porque você é o mais responsável.”
  5. “Tirou Dez na prova de Matemática? Não fez mais que a obrigação.”
  6. “Você é tão boazinha, ainda bem que posso contar sempre com você.”
  7. “Você tem que levar o nome da família pra frente.”

Imagina o quão bizarro tudo isso parece para uma criança. Crescer ouvindo essas frases ano após ano. Uma tonelada de expectativas sendo colocadas nas suas costas. Um monte de gente dizendo o quanto ela é “especial”.

Aos poucos isso vai se transformando em uma sensação de obrigação de corresponder ao que os outros esperam da gente. Quase como se fôssemos realmente “O Escolhido” para resolver qualquer problema.

Como foi isso pra você?

Foto por: www.canva.com – Matrix e a Síndrome do Escolhido

É exatamente essa sensação que eu chamei carinhosamente de Síndrome do Escolhido.

Crescemos acreditando que nós precisamos ser a solução para todos os problemas, que temos que resolver as dores e frustrações da nossa família. Por que? Porque damos conta!

O problema disso tudo é que criamos a falsa ideia de que não podemos errar e, a pior parte, que temos que resolver tudo SOZINHOS.

Não temos tempo para errar, para sermos vulneráveis e, Deus me livre pedir ajuda e “parecer fraco”. É como se houvesse uma voz interior martelando em nossas cabeças que “não podemos decepcionar as outras pessoas”.

Em algum momento, o peso de carregar a vida dessa forma se torna INSUPORTÁVEL. Só que não aprendemos a pedir ajuda, então, o que fazemos? Ficamos ainda mais exigentes, passamos a ver cada pequeno tropeço como um fracasso imperdoável e nos tornamos nosso próprio carrasco.

Como consequência, surge a ansiedade, aumenta o medo de errar, e sentimos CULPA por não dar conta de tudo. Perder a espontaneidade e a leveza na busca pela perfeição vira quase inevitável. Afinal, temos muitas expectativas sobre nós.

A “Síndrome do Escolhido” pode gerar uma mistura de orgulho e exaustão, muito mais exaustão na verdade. Veja se algum desses sinais ecoa em você:

  1. Ansiedade constante: A sensação de que você não pode vacilar, pois precisa manter o “padrão de excelência” que todos esperam de você.
  2. Culpa por falhar: Mesmo os erros mais naturais podem parecer gigantescos, como se você estivesse decepcionando não apenas a si mesmo, mas toda a família.
  3. Isolamento: Com receio de incomodar ou demonstrar fraqueza, você se fecha e evita pedir ajuda, afinal, “se você não der conta, quem vai dar?”
  4. Sentimento de incompreensão: Embora as pessoas vejam você como “capaz de tudo”, por dentro você pode sentir falta de compreensão real e empatia, ou até mesmo, se sentir uma fraude.
  5. Pressão interna: Não é só a expectativa dos outros que pesa; você se habitua a cobrar de si mesmo uma perfeição quase inalcançável.


2. Pra que tantas expectativas?

É engraçado como uma intenção genuinamente boa pode afetar tão profundamente alguém.

Eu não tenho dúvidas de que, na esmagadora maioria dos casos, toda essa cobrança e pressão foi colocada sobre você por pessoas que pensavam estar te preparando para ter o melhor futuro possível.

Uma cobrança para te ajudar a entrar para as melhores faculdades, para conseguir o emprego dos sonhos, ter um bom salário, construir uma família perfeita, ter a casa e o carro daquele artista da novela.

Mas como o refrão do rock Road to Hell (1999) de Bruce Dickinson diz “The road to hell is full of good intentions” (tradução: A estrada para o inferno está cheia de boas intenções), e a pressão e cobrança que te perseguiram na infância, provavelmente deixaram marcas que te acompanham até hoje.

Foto por: www.pexel.com – Matrix e a Síndrome do Escolhido

Não estou aqui procurando um vilão para culpar. Dizer “a culpa é dos nossos pais” além de ser uma falsa verdade, não resolve a questão.

É natural projetarmos nossos sonhos não realizados em nossos filhos, afinal de contas, criamos várias expectativas para o nosso futuro e quando chegamos lá, na vida adulta e nos deparamos com a realidade dura e, às vezes, cruel, queremos prepará-los para um futuro melhor.

Também não gosto da ideia de ficar culpando a sociedade, o governo ou o sistema que só valoriza quem tem resultado e nos “obriga” a buscarmos uma vida “perfeita”.

E tudo isso só piora em um mundo hiperconectado onde as redes sociais fazem questão de nos mostrar que “todos são especiais”, menos a gente – outra ilusão.

A pergunta que importa não é “Quem é o culpado?”

O foco deve ser questionar PRA QUE TANTA EXPECTATIVA? Será que todo esse peso que carregamos é realmente nosso, ou estamos apenas repetindo o padrão da Síndrome do Escolhido, sem nem questionar se faz sentido para a nossa vida? Será que nossos pais não sentiam a mesma coisa na infância e adolescência deles?

Esses padrões de perfeição que buscamos tanto são escolhas nossas, ou uma projeção do que nossa família, nossos amigos ou a sociedade espera de nós?

Só à título de exemplo, eu já quis ter uma empresa que faturasse milhões por ano. Tive certeza disso após mergulhar no universo dos Coachs e Mentores de Produtividade. Cheguei a escrever uma carta do meu “eu do futuro” onde visualizava milhões na minha conta, uma empresa super valiosa com centenas de funcionários, gerando um impacto gigantesco no mundo – MAS ESSE NÃO ERA EU!

Eu havia comprado uma visão de futuro e acreditei, por um tempo, que se eu não alcançasse exatamente aquilo ali, estaria desperdiçando meu potencial e seria infeliz.

Sabe o que descobri quando parei pra me conhecer de verdade?

  1. Eu não quero a responsabilidade de ter centenas de funcionários dependendo de mim.
  2. E eu não preciso de múltiplos milhões na conta.

Não me entenda mal, quero sim alcançar sucesso financeiro na vida e pretendo ver alguns milhões no meu saldo bancário 😂 Mas aquele futuro que desenhei no curso do Coach famoso, não era algo que eu verdadeiramente queria.

Nós estamos desde a infância buscando corresponder às expectativas dos outros, tentando agradar à todos e dar conta de tudo sozinho.

Mas, esse é o nosso erro, estamos vivendo uma vida para o outro. Todas essas expectativas são externas, não vem de dentro de nós mesmos.

O grande desafio é descobrir o que você realmente quer, identificar o que realmente deseja e o que é apenas reflexo de um desejo que não é nosso.

Você não precisa ser “O Escolhido”, essa não é uma jornada para salvar a humanidade, nem mesmo sua família. É uma jornada de autodescoberta, de busca por encontrar a si mesmo e descobrir aquilo que você deseja realizar nesse curto período de tempo que está aqui.

Esqueça esse monte de expectativas que te aprisiona e que te mantem construindo uma vida nos termos das outras pessoas.

PARE.

RESPIRE.

E comece uma jornada em busca de fazer as pazes consigo mesmo(a).

Para começar a filtrar o que é realmente seu e o que vem das expectativas dos outros, vale a pena fazer algumas reflexões práticas:

  1. Identifique de quem é a expectativa: Pergunte-se: “Essa meta é mesmo minha ou foi algo que me ensinaram a querer?” Tente lembrar quando foi a primeira vez que você sentiu que precisava alcançar esse objetivo. Muitas vezes, a origem vem das projeções familiares ou sociais, não do seu desejo autêntico.
  2. Liste seus verdadeiros desejos: Faça um exercício simples: pegue papel e caneta, escreva tudo o que você quer para sua vida e, em seguida, destaque aquilo que faz seu coração vibrar de verdade. Descarte (ou questione profundamente) o que não desperta empolgação ou propósito em você.
  3. Converse sobre o assunto: Às vezes, a melhor forma de perceber se algo é seu ou não é falando em voz alta. Troque ideias com um amigo de confiança, um terapeuta ou até mesmo alguém da família. Só não vale se justificar o tempo todo para agradar a expectativa do outro.
  4. Avalie o custo de manter certas metas: Pergunte-se: “O que estou perdendo, emocionalmente e mentalmente, por tentar corresponder a essa expectativa?” Isso ajuda a ver se o preço de segui-la (estresse, ansiedade, tempo) realmente compensa os benefícios que ela traria.
  5. Dê pequenos passos de mudança: Se você perceber que uma certa meta não tem nada a ver com você, experimente se afastar dela aos poucos. Substitua por objetivos que façam mais sentido para quem você é hoje. Pequenas mudanças de rota podem gerar um impacto enorme a longo prazo.


3. A Vida Real do “Escolhido”

Engraçado como nos filmes tudo parece grandioso, épico, como acompanhamos atentamente a jornada do herói e vibramos quando, no final, ele conquista o famoso “feliz para sempre”.

Mas por que será que esquecemos do que acontece ao longo dessa jornada?

Voltemos um pouco ao filme que me fez escrever esse artigo. Quando Neo começa a considerar que de fato ele possa ser “O Escolhido” e decide enfrentar de peito aberto os seus desafios, de cara, ele tem uma luta contra esse Sr. da foto aí abaixo, o Agente Smith. Será que foi uma batalha fácil onde, por ser o escolhido, Neo tirou tudo de letra e não sofreu quase nada?

Foto: www.max.com – Matrix e a Síndrome do Escolhido

NÃO! Quem assistiu o filme deve lembrar que Neo quase morreu nessa luta. Enfrentou tudo com muita coragem, mas apanhou igual um condenado e, só não morreu, por sorte, ou melhor, por conta do roteiro, afinal, se ele morresse ali o filme não teria o porquê continuar 😅

Eu ia começar esse capítulo dizendo que a vida real é diferente da ficção e que ser “O Escolhido” aqui, não é nem um pouco glamoroso. Mas na verdade, nem na ficção a vida do “Escolhido” é fácil. Só o final da jornada nos trás essa ideia de que tudo valeu a pena.

Agora, adivinha só? Nós não somos um espectador vendo de fora o que está acontecendo com “O Escolhido”. Somos o personagem principal de nossas histórias e vamos SENTIR NA PELE cada golpe, cada surra que a vida nos dá. Cada dia de exaustão, cada momento de cansaço onde o pensamento fixo em nossa mente é “não posso apenas desistir?”. Essa é a vida real!

É uma jornada que você trilha sozinho(a), através de um cotidiano cheio de responsabilidades, cobranças e expectativas – muitas vezes criadas por nós mesmos, sem perceber.

E como um bom “Escolhido”, você tenta manter tudo sob o seu controle, por que se você não estiver atento à todos os detalhes, algo pode dar terrivelmente errado – e a culpa será sua.

Você pode até usar desculpas do tipo: “Eu gosto de me preparar para todas as situações” ou “preciso sentir o chão sobre os meus pés para seguir a diante”, mas tudo não passa de uma mentira que você conta para si mesmo, na intenção de manter a farsa de que você está no controle.

NÃO, VOCÊ NÃO ESTÁ NO CONTROLE! Pelo menos, não da forma como você imagina.

E é justamente aí que mora o perigo: você percebe que, apesar de tentar prever e planejar cada detalhe, nada garante que as coisas vão sair como esperado. No fim das contas, mais responsabilidades se acumulam — e você, sozinho(a), tenta dar conta de tudo, muitas vezes sem pedir ajuda. Só que manter esse ritmo é exaustivo.

É como tentar segurar areia nas mãos: quanto mais você aperta, mais ela escapa entre os dedos.

O pior é que a gente passa a achar que essa sobrecarga é “normal”. Afinal, se você for capaz de resolver qualquer problema, qual a desculpa para dizer “não”? Qual a justificativa para não assumir mais uma tarefa? É o famoso ciclo do “se você não dá conta, quem vai dar?”, que faz com que as pessoas te sobrecarreguem — e, por tabela, você também comece a se cobrar ainda mais.

E sabe o que torna tudo mais desgastante? Você começa a sacrificar tempo, lazer e até relacionamentos em nome dessa ideia de que “precisa estar no controle”. Acredita que, se falhar em algum ponto, estará decepcionando todos à sua volta — pior, estará se decepcionando.

O “Escolhido” da vida real não vive numa bolha glamorosa; ele lida com prazos, boletos, pressões familiares e inseguranças internas que crescem a cada dia.

E sabe o que essa síndrome do escolhido vai fazer com você? Vai te deixar perdido, vai fazer com que você não se reconheça mais quando olha no espelho, com que você esteja sempre no limite.

O tempo, indiferente à tudo e todos, seguirá passando e enquanto você não se libertar dessa síndrome, continuará vivendo em função dos outros.

Foto: www.canva.com – Matrix e a Síndrome do Escolhido

Viver nessa montanha-russa de autocobrança cobra um preço alto: crises de ansiedade, noites mal dormidas, medo de fracassar e uma sensação profunda de solidão. Você se sente responsável por qualquer resultado que dê errado, mas raramente se dá crédito pelo que sai bem.

Pouco a pouco, a energia vai embora. O estresse se acumula, e a saúde mental acaba abalada. E o que a gente faz quando não sabe lidar com isso? Vai empurrando, finge que está tudo bem e segue tentando “salvar o dia” — mesmo sabendo lá no fundo que não tem forças para abraçar o mundo.

Talvez você se identifique com alguns destes pontos, que mostram como a síndrome do escolhido se desenrola longe das telas de cinema:

  1. Você segura as pontas de todo mundo, mas raramente deixa alguém segurar as suas.
    Acredita que pedir ajuda é sinal de fraqueza, quando, na verdade, é justamente na troca que criamos conexões mais autênticas.
  2. A cobrança vem de todos os lados — principalmente de dentro de você.
    Pode até começar com as expectativas da família ou do trabalho, mas você internaliza essa pressão até acreditar que não pode falhar.
  3. Cada erro vira um drama pessoal.
    Falhar não é apenas uma experiência humana, mas algo que confirma seu medo de “decepcionar” quem confia em você.
  4. Você se acostuma a dizer “sim” para tudo.
    Receia que, se disser “não”, estará cometendo uma traição imperdoável. E assim, sobrecarrega-se com funções e tarefas que nem sempre são suas.
  5. Seu limite de cansaço é constantemente testado.
    A agenda fica cheia, o corpo pede descanso, mas você segue em frente, pois acredita que não pode se dar ao luxo de parar.
  6. Você se sente sozinho(a), mesmo cercado(a) de gente.
    Para os outros, você é “forte” e “capaz de tudo”. Mas, por dentro, rola a sensação de que ninguém enxerga suas fragilidades ou escuta suas necessidades reais.
  7. A comparação é constante.
    Você se mede pelo sucesso ou pelo fracasso de outras pessoas, buscando desesperadamente manter o status de “exemplo” ou “modelo” a ser seguido.
  8. O tempo livre vira mais um item na lista de tarefas.
    Até quando tenta descansar, carrega a culpa de não estar produzindo algo “útil” ou resolvendo algum problema.
  9. Você reluta em celebrar suas conquistas.
    E quando alguma coisa dá certo, você minimiza ou já fica preocupado(a) com o próximo desafio. Não sobra espaço pra comemorar cada vitória.
  10. A ideia de delegar parece quase impossível.
    Abrir mão do controle? Deixar que alguém resolva no seu lugar? Parece inconcebível, pois parte de você acredita que ninguém fará tão bem quanto você.


4. Você não precisa carregar esse fardo

Sim, parece óbvio dizer isso, mas às vezes é justamente o óbvio que a gente esquece. Há um mundo de possibilidades que não envolvem viver tentando bancar o “Escolhido”.

E não, isso não significa abrir mão de sonhar grande, de ter ambições ou de cuidar das pessoas que você ama. É apenas entender que não há vergonha nenhuma em precisar de ajuda, em dizer “não” quando você sente que já deu tudo de si, ou em traçar um caminho diferente daquele que a sua família, a sociedade ou a voz interna da perfeição esperavam.


Ao contrário do que muitos pensam, reconhecer que não dá para segurar tudo sozinho(a) é um ato de coragem. É o começo de um processo de libertação, onde você admite que precisa de ajuda, que tem direito a pausas e que está tudo bem em não corresponder às expectativas de todo mundo, o tempo todo.

Não se iluda: não há glória em tentar ser “O Escolhido” à custa da sua sanidade.

Às vezes, o que mais precisamos é simplesmente aceitar que não dá para resolver tudo — e, pasme, o mundo não vai desmoronar se você não for perfeito(a).

Abrir mão desse controle impossível permite que você se conecte consigo mesmo(a) de forma mais leve e honesta, encontrando caminhos mais saudáveis para viver sua própria jornada.

Foto por: www.canva.com – Matrix e a Síndrome do Escolhido

Algumas chaves para aliviar o peso que você vem carregando a vida toda:

  1. Pedir ajuda não é fraqueza, é sinal de humanidade
    Seja através de terapia, de amigos próximos ou de grupos de apoio, dividir suas preocupações alivia — e muito — o fardo. Sem contar que, ao se permitir ser ajudado, você ensina aqueles ao seu redor a fazerem o mesmo (essa parte é importante, principalmente, se você já tem filhos).
  2. Aprenda a colocar limites
    Dizer “não” ou “não posso agora” pode ser estranho no começo, mas é libertador quando você percebe que não precisa abraçar cada problema que surge. Só assim sobra espaço pra você cuidar do que realmente importa. Exercite o “não”, ele é um músculo que se fortalece quanto mais você o utiliza.
  3. Celebre o ‘bom o suficiente’
    A vida não é uma prova onde cada questão vale 10. Às vezes, dar 80% de si em algo que não é prioritário é melhor do que insistir em 100% e se esgotar. Aprender a distinguir o que é essencial daquilo que pode ser só “ok” faz toda a diferença.
  4. Pratique a autoempatia
    Tratar-se com a mesma compaixão que você oferece aos outros parece simples, mas é um enorme desafio para quem sempre se cobra. Por que somos tão rígidos conosco e pegamos tão leve com os outros? 🤦‍♂️ Entenda que reconhecer as próprias falhas e acolhê-las é tão importante quanto acertar.
  5. Abra espaço para o imprevisto
    A vida real é imprevisível — e tá tudo bem. Planejar faz parte, mas também é preciso saber improvisar e aceitar que nem tudo vai sair conforme o script. Isso não é sinal de derrota, mas de uma realidade dinâmica que não obedece nossos planos. E posso te afirmar que, muitas vezes, o imprevisto vai ser melhor do que aquilo que você tinha planejado.
  6. Conecte-se com o que você realmente quer
    Ao invés de se afundar nas expectativas externas, volte-se para dentro. Identifique seus valores, entenda o que faz seu coração vibrar e o que te traz paz. Com clareza sobre o que é realmente importante pra você, fica mais fácil definir limites e priorizar.

Não há nada de errado em querer ajudar, em ser referência pra quem você ama, em sonhar grande ou em buscar ser a melhor versão de si mesmo(a). Eu sou apaixonado pela minha jornada de desenvolvimento, e sempre vou ser.

O problema surge quando tudo isso vira uma obrigação silenciosa — que esmaga seu ânimo, sua alegria e te faz esquecer de quem realmente é.

Liberte-se dessa ideia de que você precisa ser o salvador ou a salvadora de todo mundo.

A sua vida não precisa seguir o roteiro de uma ficção onde o herói só encontra a paz depois de derrotar um exército de agentes do mal. Aqui, no mundo real, a verdadeira vitória é se conhecer, se aceitar e poder viver com mais leveza, sem carregar nas costas o peso de um “destino” que nunca foi realmente seu.

Descer desse pedestal de “Escolhido” não significa abandonar quem você ama ou desistir de si mesmo.

Ao contrário, é dar-se permissão para ser mais verdadeiro, menos sobrecarregado e, consequentemente, mais presente naquilo que realmente importa.

Quem sai ganhando não é só você — são todas as pessoas ao seu redor, que finalmente terão espaço para crescer junto, aprendendo a compartilhar responsabilidades e a cuidar uns dos outros de maneira mais genuína.

A vida real não é um filme de ação com superpoderes e batalhas coreografadas. Mas ela pode, sim, ter o seu final — ou melhor, o seu desenrolar — muito mais feliz (e leve) quando você entende que não precisa, e nem deve, carregar todo esse fardo sozinho.

O meu objetivo com esse artigo foi trazer uma reflexão para te ajudar a sair dessa síndrome do escolhido. É um processo lento, de altos e baixos, mas totalmente possível. No meu caso, já tirei muito peso que não era meu das costas, mas é engraçado como temos que manter a vigília constante, porque se eu vacilo um pouco, já quero abraçar mais problemas dos outros para resolver 😅

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Gratidão pela leitura e até a próxima!

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Tiago Marinho

Obcecado por desenvolvimento pessoal desde os 28. Apaixonado por histórias desde os 4 anos. Observador do comportamento humano desde sempre. Acredito que estamos nessa jornada para ter as experiências mais incríveis e evoluir durante o processo. Compartilho ideias que ajudaram a transformar a minha vida e que talvez possam te ajudar a dar os próximos passos na sua evolução. Carpe Diem!

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